A Comissão de Direitos Humanos, Minoria e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (17), a audiência pública para lembrar do Dia Mundial do Orgulho Autista, comemorado no dia 18 de junho. Solicitado pelos deputados federais Luiz Couto (PT-PB) e Tadeu Veneri (PT-PR), o evento foi mais uma oportunidade de debater sobre os assuntos que correspondem ao dia a dia das pessoas portadoras de autismo (Transtorno do Espectro Autista – TEA).
Os deputados lembram, no requerimento da audiência, que o de acordo com o Ministério da Saúde, o Dia do Orgulho Autista foi criado para difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito” contra pessoas autistas.
Atualmente, no Brasil, por força da Lei Nº 13.652, de 13 de abril de 2018, foi instituído, na mesma data, 18 de junho, o “Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo”.

Entre os convidados a participar da audiência, estava a coordenadora do Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB) do Distrito Federal, Michelle Andrade, que falou com o Poder Delas a respeito das demandas das pessoas portadoras de TEA e suas principais dificuldades enfrentadas no país atualmente.
Segundo Michelle, o encontro é de extrema importância, já que, atualmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), constatou que no Brasil há cerca de 1,4 milhão de pessoas diagnosticadas com autismo.
“Lembramos que neste dia precisamos de políticas públicas, atendimentos especializados, de mais tolerâncias, menos preconceito; precisamos de acolhimento, menos hipocrisia, mais resiliência, mais acolhimento a essas famílias, às mães, aos irmãos, às avós que sofrem com esse dia a dia de sobrecarga”, a lembra a coordenadora do MOAB.
Michelle ressalta que uma das principais demandas para as pessoas diagnosticadas com TEA e seus familiares passam por vários tipos de restrições, entre elas, as que ocorrem nas escolas.
“Então, precisamos de lutar por um mundo mais inclusivo de verdade. Por isso, entendo a importância da gente trazer o conhecimento, não só para quem tem a facilidade de aprender, mas também àqueles que tenham dificuldades”, diz a coordenadora que também é professora universitária.
Além disso, Michelle Andrade pontua que o Dia do Orgulho Autista, vem para lembrar de todas as demandas que ainda existem na sociedade e para dizer que essa sociedade precisa “evoluir e crescer ainda em conscientização”.
Para que essa evolução ocorra, lembra a coordenadora do MOAB, é preciso superar alguns dilemas, como por exemplo, a situação ainda enfrentada pelas mães de baixa renda que precisam fazer os diagnósticos de seus filhos, porém, não conseguem em razão dos custos dos exames.
“As mães de baixa renda não têm onde levar seus filhos, seja na busca de diagnósticos, porque desde pequenininhos, na adolescência ou na vida a adulta, esses laudos são de difícil acesso. São laudos caros, hoje, um laudo em uma clínica privada chega a custa R$ 5 mil”, destaca.
Segundo a coordenadora, esses laudos não são acessíveis a toda população, por isso, ela diz que é mais do que urgente que o poder público se preocupe com a criação de Centros de Referências onde esses laudos poderiam ser feitos de forma ágil e gratuita.
“Não é acessível, financeiramente a toda a população. Na rede pública é muito escasso e as filas são gigantescas. Nós do MOAB lutamos pela implantação de centros de referências onde esses diagnósticos, essas terapias poderiam ser viabilizadas”, diz. “Nós precisamos estender esses centros para todos os estados porque a demanda é imensa, as famílias são carentes e necessitam desse apoio especializado a pessoa autista”, completa a coordenadora.