A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados junto com a coordenação da bancada feminina na Casa, publicou, no último dia (24), uma nota de solidariedade à deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vítima de ameaça explícita proferida pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) durante sessão da Comissão de Cultura da Câmara, no dia 21 de maio.

“O episódio protagonizado pelo deputado Paulo Bilynskyj configura grave violação ao decoro parlamentar (Art. 55 da Constituição Federal) e à Lei nº 14.192/2021, que estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher. As ameaças expressam uma tentativa de intimidação por razões de gênero e posicionamento político”, diz a nota.

O episódio envolvendo os parlamentares ocorreu quando a deputada Jandira não estava presente na comissão, momento em que Bilynskyj reclamou do fato de ter que tratar deputados e deputadas com respeito logo após falar em “matar ladrão”.

O deputado Paulo Bilynskyj que teria ameaçado a deputadao Jandira Feghali – Foto: Câmara dos Deputados

“Às vezes eu penso, pô, ser delegado de polícia é muito mais fácil. Porque o ladrão você pega e prende, entendeu? Ele quer trocar tiro, você mata ele, tá tudo certo. Aqui não. Aqui a gente tem que conviver com essa espécie imoral e tratar com respeito, né? É bem difícil, bem desagradável. Parece que tem uma vaga do PL, né? Então… Agora nós somos membros da Comissão de Cultura. Vai ser muito bom. Vocês vão viver mais por aqui. A vida da Jandira vai ficar menos agradável tendo que conviver com o Paulo Bilynskyj”, disse Bilynskyj.

Ao ficar sabendo da fala de deputado, Jandira foi até à comissão e rebateu as agressões, porém Bilynskyj saiu da sessão quando a parlamentar chegou.

Na nota, a Secretaria da Mulher da Câmara diz que intimidações desta natureza não são “incidentes isolados” e que elas refletem as “manifestações de um sistema que insiste em tentar excluir, silenciar e rebaixar a presença feminina na política”.

“Reafirmamos que a democracia plena somente existirá quando as mulheres puderem exercer seus mandatos sem medo, com dignidade e liberdade. A Bancada Feminina da Câmara, em seu caráter suprapartidário, democrático e amplo, repudia com veemência qualquer forma de ameaça, intimidação, assédio ou violência política de gênero”, diz a nota.

A Secretaria lembra ainda que nenhuma forma de violência contra a mulher pode ser relativizada ou silenciada. “Que este episódio sirva de alerta e reflexão: não haverá democracia enquanto houver medo. E nenhuma ameaça vai calar as mulheres deste parlamento.”