A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia foi a primeira convidada do programa “Conversa com Bial”, isso em 2017. Numa entrevista bastante descontraída, a ministra falou sobre sua vida pessoal, contou causos, como uma boa mineira, e se posicionou como uma guardiã da Constituição Federal enquanto presidente do STF.

A ministra começou falando de seu peso – ela estava com 40 kg na época – e disse que o bom de ser magra, é o fato de não precisar fazer regime. “Conheço gente que come, come, come e depois passa a vida fazendo regime para ver se emagrece. Esse problema eu não tenho”, disse.

Ela também comentou sobre suas características pessoais e enfatizou o fato de ser mineira, que, segundo ela, é uma cultura bastante peculiar, o que há torna uma amante de causos e da palavra. “Acho que é a forma que a gente tem de comunicar a ideia, de união com o outro, se dá pela comunicação, é mais do que isso, porque para mim, esta ideia de uma união com o outro no final tem ação, a ideia vira um pensamento, o pensamento vira a palavra e a palavra muda o mundo”, disse a ministra durante a entrevista.

Cármen Lúcia, que à época estava à frente do STF, comentou a respeito da operação Lava-Jato que, na ocasião, estava em alta e tinha bastante credibilidade perante a sociedade. Ao ser indagada por Bial se a operação seria interrompida ou fragilizada, a ministra garantiu que não, e que as investigações iriam continuar a acontecer.

“Nós somos um povo muito valente, não é qualquer povo que tem coragem de deparar com a corrupção, vários povos ou a maioria dos povos deparam com este problema, mas poucos têm a coragem de verificando o que acontece que isto é uma prática reiterada, uma prática contra a qual nós temos que lutar agora de uma forma objetiva, direcionada, para chegar a um final. Não é qualquer povo que tem essa coragem”, afirmou a ministra à época.

A ministra também fez uma ponderação em relação à ânsia que as pessoas tem pela “verdade”. Segundo ela, na altura dos seus 60 anos, o importante não era dizer a verdade, mas, sim, falar coisas agradáveis. “Mesmo que seja mentira, já passei da fase verdade, verdade eu preciso só no processo”, afirmou.

Quando indagada sobre sua forma de atuar enquanto ministra da Corte, Cármen Lúcia disse que todo seu trabalho é pautado pela justiça e por uma preocupação de evitar o máximo possível de causar danos a alguém. “Não tenho vocação para ser infeliz, portanto, quem me quiser calar vai ter alguma dificuldade. Então, eu falo assim: eu não gosto de coisas que me infelicitam e eu não quero ser uma juíza que causa infelicidade para os outros”, destacou.

Fonte: TV Globo

A ministra encerrou a entrevista falando de sua fé pelo Brasil e ressaltando que, mesmo havendo situações atípicas, o Estado brasileiro iria continuar de pé e tentando se corrigir para as gerações futuras.

“Eu continuo acreditando no Brasil, se eu tiver que nascer, se tiver reencarnação, espero que tenha muitas, eu voltarei, eu quero ser brasileira, porque eu fico me lembrando de um verso da Cecília Meirelles, que ao falar no romanceiro da Inconfidência dizia assim: ‘Pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: há os grandes sonhos dos homens, e a surda força dos vermes.’ Sempre houve, sempre haverá, e o Brasil continua e continuará”, afirmou a ministra.

Fernanda Torres

Na mesma edição de estreia do programa do Pedro Bial, outra convidada foi a atriz Fernanda Torres – que recentemente concorreu ao Oscar de melhor atriz. Na época, Fernanda estava indignada com as investigações de corrupção envolvendo o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

“Fico me perguntando honestamente se a gente não está vivendo uma grande revolução no mundo e não se dá conta de que é uma transformação e não uma reforma, não é mudança em algo que vinha há 500 anos. Para mim é uma sensação porque eu não não sei verbalizar de outro jeito para mim, Fernanda,o que está acontecendo no Rio vinha meio que acontecendo e as pessoas iam porque a corrupção, a insensatez política, ela meio que deixada de lado quando há recurso suficiente para o mínimo existencial ser oferecido e garantido. Então, as pessoas vão tocando, ela tem emprego, ela não pensa muito, até uma hora em que a Revolução se dá porque a escassez de recurso faz com que aumente a intolerância, porque agora eu quero saber: por que que o dinheiro que foi pra corrupção não foi pro posto de saúde”, disse a atriz.