A presença cada vez maior de mulheres nos debates públicos é uma bandeira defendida há anos pelo movimento feminista e outros segmentos da sociedade civil organizada. Atualmente, mesmo com todos os avanços em torno deste assunto, a presença de mulheres no campo político ainda é tida como reduzida. No Brasil, por exemplo, mesmo as mulheres sendo a maior parcela da população (51,1%), sua representatividade ainda é pequena, onde, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de 2023, mostra que dos 8.493.990 filiados em algum partido político são homens, representando 53,8% do total, enquanto 7.284.431 são mulheres (46,2%).

A deputada Camila Jara (PT-MS) veio a público recentemente para falar sobre a participação feminina na política. Segundo a parlamentar, a sociedade precisa travar o debate a respeito de como seria ter mais mulheres na política. Para ela, essa realidade seria marcada por “Mais empatia, mais escuta, mais soluções reais”.

“Na política, você pode (deve!), ocupar seu espaço, mesmo quando tentarem reduzir você à sua aparência ou à sua voz”, afirmou a deputada. “Quando você entra na política, não é só por você, é por todas as vozes que ainda não foram ouvidas. Sua presença fortalece causas e transforma a realidade”, resumiu.

Fonte: Agência Senado

A busca por mais representatividade levantada pela deputada vai ao encontro das constatações feitas pelo TSE, que, ao apresentar dados de 2020, mostra que mesmo com todos os empecilhos em torno da participação da mulher na política, já houve alguns avanços nos últimos anos. Em 2020, por exemplo, nas eleições municipais, segundo o TSE, as candidaturas femininas cresceram em comparação a 2016 – saiu de 31,9% naquele ano para 33,3% no último pleito. O tribunal ressalta, porém, que a proporção ainda é baixa em comparação com o eleitorado feminino, que corresponde atualmente a 53% das pessoas aptas a votar no país. No pleito de 2020, apenas 663 dos mais de 5,5 mil municípios (11,9% do total) elegeram prefeitas e 17% das cidades (935) não elegeram nenhuma vereadora.

Esse debate também está sendo feito no Senado, onde o projeto do novo Código Eleitoral busca assegurar o pleno exercício dos direitos políticos das mulheres na política. O texto em análise determina a reserva de 20% das cadeiras nos legislativos para as mulheres, porém, a punição para partidos que não cumprem os limites máximo e mínimo de candidaturas por sexo, de 70% e 30%, que vigora atualmente, pode ser extinta.

Para a deputada Camila Jara, a presença feminina na política é um movimento sem volta e que precisa ser cada vez mais fortalecido.

“Estar rodeada de mulheres que te inspiram, te ouvem e te fortalecem muda tudo. Juntas, vocês não só resistem, vocês avançam. Podem ter certeza que vão tentar te excluir. Mas você vai mostrar que tem muito mais poder do que imaginam”, diz Jara. “Quando mais mulheres ocupam espaços de poder, mais portas se abrem para todas”, completa.