Na altura dos seus 90 anos, a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) se manifestou durante a sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9), contra a cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ). Segundo a parlamentar, que fez questão de ressaltar que já passou por vários períodos ditatoriais no país, o que se pretende fazer com o deputado Glauber é mais uma iniciativa antidemocrática e que abrirá precedente para outras condenações no Conselho de forma injustas.
“Permaneçamos juntos com o Glauber nesta sala até os desdobramentos deste processo. Também não vamos para casa achando que está tudo bem. Não está tudo bem, pois está se confrontando um mandato popular. O povo do Rio de Janeiro não merece esse tratamento”, disse a deputada com a voz embargada.
Porém, a manifestação de Erundina não surtiu efeito, pois no final desta tarde, o colegiado decidiu, por 13 votos a 5, seguir a decisão do relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que, no último dia 2, foi favorável à cassação do deputado do PSOL, sob a justificativa de que houve quebra de decoro de Braga pela agressão e desproporcionalidade em sua reação.
“A democracia precisa ser afirmada. Eu ficarei aqui nesta sala com esse companheiro até o desfecho deste processo que já estava determinado”, criticou Erundina durante a sessão.
O deputado Glauber disse, antes do resultado desta tarde, que irá fazer, a partir de hoje, greve de fome para contestar sua condenação, que ele classificou ser uma decisão arquitetada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a quem o psolista vem criticando por ser um dos cabeças do orçamento secreto.
“Vou permanecer nessa sala, no Congresso, até a finalização desse processo. Estou o dia inteiro de jejum e, a partir de agora, não vou me alimentar. Vou aguardar a decisão irrevogável. Vou permanecer aqui nesse plenário. Quem quiser chamar de greve de fome, chame como queira”, afirmou Glauber horas antes do Conselho pronunciar o resultado de sua cassação.
Agora, o deputado pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o que disse que vai fazer com a ajuda de seus advogados. Se a CCJ rejeitar seu recurso, o caso será analisado pelo plenário. No plenário, para haver a cassação, exige-se maioria absoluta da Casa, ou seja, serão necessários pelo menos 257 votos favoráveis no plenário para que Glauber venha perder o mandato.
